Visualizando a Esperança
O episódio "#31 Visualizing For Hope" do canal On Data and Design é uma discussão inspiradora sobre como a visualização de dados pode ser uma ferramenta poderosa para cultivar a esperança e impulsionar mudanças positivas no mundo.
November 7th, 2025
hope
substantivosentimento de expectativa ou desejo de que algo aconteça; esperança.
possibilidade ou motivo de acreditar em um resultado positivo; motivo de confiança.
verbo (to hope)
desejar ou acreditar que algo vá acontecer; ter esperança.
sinônimos: confiança, expectativa, otimismo, fé.
antônimos: desânimo, desesperança, pessimismo.
O evento, que explora como a visualização pode criar compreensão, construir pontes e fomentar a esperança em um cenário de notícias negativas, foi apresentado por Darjan Hil do Superdot Studio. O painel contou com três grandes nomes do design da informação: Francis Gagnon da Voilà (Montreal, Canadá), Jose Duarte da EasyDataViz (Bogotá, Colômbia), e Pei Ying Loh da The Kontinentalist (Singapura).
Francis Gagnon demonstrou como o information design pode revelar a esperança ao analisar o progresso no passado, as oportunidades no presente e as "vitórias rápidas" para um futuro melhor. Jose Duarte compartilhou insights de projetos na América Latina, apresentando um framework que transforma dados de "espelhos do presente" para "portas da possibilidade" através de três estágios: acesso, letramento (entendimento) e agência (capacidade de agir). Já Pei Ying Loh discutiu a evolução para práticas decoloniais, centradas no cuidado e na reciprocidade, desafiando a extração de dados e focando em vozes e sistemas de conhecimento indígenas.

A Esperança Através do Tempo
Francis Gagnon demonstrou como o design da informação pode revelar esperança ao ao analisar o progresso no passado, as oportunidades no presente e as "vitórias rápidas" (quick wins) e melhores caminhos para um futuro melhor. Ele enfatizou que a esperança é uma responsabilidade e apresenta exemplos concretos de como boas notícias e contraexemplos podem ser encontrados nos dados.
A qualidade do trabalho do Studio Voilà se destaca no uso criativo e estratégico das visualizações e no próprio formato da apresentação para endossar a mensagem:
- Rompendo com Padrões: A apresentação vai além dos gráficos de linha tradicionais, exibindo visualizações que comunicam a mensagem de forma impactante. Um exemplo notável é o gráfico que mostra o acesso desigual ao transporte público em Montreal, onde a distância e a sinuosidade das linhas representam o longo "caminho sinuoso" (winding path) que o usuário precisa percorrer, evidenciando a ineficiência e a oportunidade de melhoria [09:39].
- Foco na Solução: O uso do gráfico de Custos de Abatimento (Cost Abatement Chart) é um ponto alto, pois transforma o desafio climático em uma série de oportunidades econômicas. A visualização é construída para que as "vitórias rápidas" (políticas que geram renda) se destaquem como alavancas de esperança.
- Ferramentas de Empoderamento: A agência não só visualiza resultados passados, mas também apresenta ferramentas práticas para o presente, como uma calculadora de bombas de calor (heat pump calculator), que permite às pessoas verem a economia e o benefício ambiental da tecnologia, transformando o dado em utilidade imediata e esperança.

Outras Contribuições Inspiradoras
Jose Duarte compartilhou percepções de projetos participativos de dados em toda a América Latina, explorando por que as pessoas têm dificuldade em imaginar um futuro melhor. Ele apresentou como a esperança surge após uma jornada em três etapas: acesso aos dados, literacia (compreensão dos dados) e agência (saber o que fazer com os dados). Seu trabalho transforma os dados de espelhos do presente em portas para outras possibilidades.
Pei Ying Loh discutiu a evolução da narrativa de dados convencional para práticas centradas no cuidado, na reciprocidade e em abordagens decoloniais. Sua fala critica as práticas extrativistas de dados e foca em: 1) Rejeitar a obsessão pela precisão absoluta, incluindo formas de conhecimento não-científico, como crenças e folclore, em suas visualizações; e 2) Centrar vozes indígenas, utilizando metodologias que priorizam a construção de relacionamentos e a documentação de experiências corporificadas (embodied experiences), em vez de apenas coletar informações.